Novo estudo mostra que metade das mortes por câncer são decorrentes de fatores evitáveis Especialista de centro oncológico israelense destaca que mudanças no estilo de vida poderiam prevenir óbitos e número de doentes Uma pesquisa realizada pela Sociedade Americana do Câncer (American Cancer Society) e publicada no último dia 11 de julho no periódico científico A Cancer Journal for Clinicians revelou que 40% dos casos de câncer entre pessoas com 30 anos ou mais e quase metade das mortes relacionadas à doença são atribuíveis a fatores de risco evitáveis, como o tabagismo e a obesidade consequente do sedentarismo. O levantamento levou em conta uma análise de 1,78 milhão de casos de câncer registrados em 2019 nos Estados Unidos. Os pesquisadores observaram 18 fatores de risco modificáveis ​​em 30 tipos de câncer. Naquele ano, esses fatores foram associados a mais de 700 mil novos casos de câncer e mais de 262 mil mortes. O tabagismo foi o principal fator de risco atribuído aos diagnósticos da doença, relacionado a 19,3% dos casos e a 28,5% das mortes de câncer. O excesso de peso ficou em segundo lugar, com 7,6% dos casos e 7,3% dos óbitos; seguido pelo fator consumo de álcool, correspondente a 5,4% dos casos e 4,1% de mortes. Para Alona Zer Kuch, diretora de Oncologia Médica do Centro Oncológico Joseph Fishman do Rambam Health Care Campus, localizado em Haifa, norte de Israel, o levantamento indica como mudanças no estilo de vida poderiam colaborar e impactar positivamente na mudança desses números. Alona Zer Kuch, do Rambam "O câncer de pulmão é provavelmente o câncer mais evitável que conhecemos, porque mais de 80% dos casos estão associados ao tabagismo. Além disso, alguns casos não diretamente relacionados ao tabagismo podem estar ligados ao tabagismo passivo ou à poluição do ar, que também são evitáveis”, explica Alona. Tabagismo, um dos itens evitáveis (Freepik) “O risco de um não fumante desenvolver câncer de pulmão é menor que um em cem, enquanto um fumante ativo tem um risco de um em três ou quatro”, acrescenta. “Essa forte correlação entre tabagismo e câncer de pulmão prova a importância de se evitar ou parar com o vício do cigarro, que para além de representar um fator de risco para o câncer de pulmão, também gera riscos para câncer de nariz, boca, vias aéreas superiores, esôfago e bexiga”. Outros fatores evitáveis Além do tabagismo, Alona ressalta outros hábitos que, se modificados, auxiliam na prevenção de cânceres. “Tumores de pele causados ​​pela exposição ao sol são um exemplo de câncer evitável”. Outros fatores de risco significativos apresentados no estudo incluem obesidade, consumo de álcool, inatividade física, dieta inadequada e infecções como o papilomavírus humano (HPV). A obesidade, segunda principal causa de câncer depois do tabagismo, é associada a cerca de 5% dos novos casos entre homens e quase 11% entre mulheres. “O peso também contribui para mais de um terço das mortes por câncer de endométrio, vesícula biliar, esôfago, fígado e rim”, alerta Alona. Alguns tipos de câncer, como melanoma e câncer cervical, são altamente preveníveis. “Mais de 90% dos casos de melanoma estão relacionados à radiação ultravioleta, e quase todos os casos de câncer cervical estão relacionados ao HPV, preveníveis por vacinação, que também pode reduzir o risco de outros cânceres relacionados ao vírus, como tumores da genitália, reto, boca e faringe”, diz a especialista do Rambam. No Brasil, apesar do câncer de pulmão ser o quarto mais comum em número de diagnósticos, atrás dos cânceres de próstata, mama e colorretal, é o mais letal, ou seja, o que mais tem desfecho com óbito. O estudo recente da Sociedade Americana do Câncer ajuda a mostrar a importância de mudanças no estilo de vida que poderiam ajudar a diminuir a letalidade da doença.

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