Setembro Amarelo: campanha busca promover a conscientização e prevenção do suicídio
Psicóloga Ana Paula Jacomino reforça que o suicídio não está relacionado somente com depressão
Cuidar da saúde mental e não reforçar estigmas é o objetivo da campanha Setembro Amarelo, que ocorre durante este mês, tendo o dia 10 como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Neste ano, o lema da campanha é “Se precisar, peça ajuda!”, que fomenta ações por todo o país. O número de suicídios no Brasil atinge cerca de 14 mil casos por ano, uma média diária de 38 pessoas que tiram a própria vida, de acordo com dados do Governo Federal.
A maior parte dos casos, mais de 90%, estavam relacionados a transtornos mentais, principalmente depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Ainda assim, é preciso avaliar cada caso de forma individual. De acordo com a psicóloga Ana Paula Jacomino, a data reforça a importância da conscientização e um olhar bem cuidadoso sobre o suicídio, sem julgamentos e estigmatizações. Não se pode confundir a pessoa com seus atos, segundo a especialista.
“Mas é uma pessoa que entendeu a morte como uma opção, tamanha era a dor que ela estava vivendo. Então, o suicídio, na verdade, ele não está relacionado só com depressão, com transtornos mentais, uso de drogas, essas coisas. Todos nós, seres humanos que sofremos e que temos angústias, em algum momento podemos não dar conta e cometer o suicídio, é uma linha bem tênue”, aponta a psicóloga, que completa que antes de julgar, é preciso olhar para dentro e se perguntar se, em momentos de angústia e dor, o suicídio nunca foi pensado como uma opção.
Jacomino entende que não é recomendado somente pensar em suicídio de um modo geral, mas caso a caso, com suas particularidades. Em um momento em que a pessoa escolhe tirar a vida, o sentimento é de perda de sentido, ao contrário da força de manutenção que é constante em nossas rotinas.
“Então, ela é uma morte que gera muita culpa, acusações, vergonha, medos, impotências e também um não saber. Porque a verdade é que cada ser humano é absolutamente único”, completa a psicóloga.
Acolhendo as dores
Todos possuem momentos negativos, rancor, raiva, tristeza, angústias e dores, que fazem parte da vida e permeiam a existência do ser humano. Validar essas percepções e acolher os sentimentos é essencial para que não haja uma violência contra si próprio.
Ana Paula Jacomino, piscóloga. (Foto: Larissa Trentini)
A psicóloga detalha a percepção de Freud, que apontava a complexidade e a gravidade que trazem a noção e a busca de perfeição e completude. Saber que a vida possui fim traz um sentido de finitude e busca por metas, objetivos, sentimentos – caso contrário, seria possível esperar pela eternidade inteira para realizar os sonhos.
“A morte, ela é um limite bem absoluto, só que é muito fundamental que a gente vá lidando com os limites no decorrer da vida, porque o que a gente está vendo hoje é que quanto maior a geração do pode-tudo, maior é o índice de suicídio, porque no pode-tudo, que não lida com esses limites, na primeira dificuldade, a pessoa vai lá e comete o suicídio”, completa Jacomino.
Olhar atento para a juventude
Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, apontam que o suicídio é a segunda principal causa de mortes de adolescentes de 15 a 19 anos, o que acende um alerta adicional e reforça a necessidade de uma atenção especial nesta faixa etária.
A psicóloga acredita que as situações precisam ser olhadas de forma específica, mas orienta os pais a darem limites e ensinando para os filhos, ainda que firmes, o que precisa ser feito. Somente assim, quando surgirem frustrações no futuro, as crianças e adolescentes poderão saber se adequar melhor às adversidades da vida.
“Se essas pessoas não forem experimentando essas pequenas mortes, que são essas frustrações, no primeiro momento que aparece uma frustração, a pessoa não quer mais viver. Então, que tudo aquilo que precisa morrer dentro de nós encontre um real recurso e uma ajuda, que possamos encontrar o cuidado necessário na hora que estiver muito difícil para fazer essa transformação e a partir dela estarmos ainda muito melhor”, conclui Jacomino.
CONGRESSO DÁ VISIBILIDADE AOS SERVIÇOS CLÍNICOS NAS FARMÁCIAS Mais de 6,5 mil farmácias brasileiras já dispõem de programas de assistência clínica, nos moldes de países como Canadá, Estados Unidos e Reino Unido. Mas apesar da crescente adesão de pacientes e do avanço nas resoluções que regulamentam a atividade, o setor encara desafios culturais, tecnológicos e legais para alavancar a operação. Com base nesse contexto, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) promove a quinta edição do Congresso de Salas Clínicas. Em formato virtual, o evento acontecerá nas tardes de segunda e terça-feira, dias 22 e 23 de julho, entre 14 e 17h. “Conseguimos congregar especialistas e formadores de opinião vinculados a todo o ecossistema de saúde. Essa integração com atores como hospitais e provedores de tecnologia é fundamental para democratizar o acesso à assistência farmacêutica e mudar a realidade de adesão a tratamentos no país”, observa Sergio Mena Barreto, CEO da e
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