ONGs de proteção a crianças precisam aumentar esforços na luta contra o abuso infantil

O abuso de crianças, agravado pelo isolamento social devido à pandemia do COVID-19, é um desafio para os países da América Latina

A violência contra meninas, meninos, adolescentes e jovens assume várias formas: física, psicológica, trabalho, abuso e exploração sexual, falta de atenção ou negligência, e pode ser praticado por seus pais, cuidadores, instituições ou comunidades. Esta situação põe em risco seu desenvolvimento, prejudicando sua integridade, saúde, estabilidade emocional e até mesmo sua sobrevivência.

Todos os anos, mais de seis milhões de crianças e jovens sofrem abusos graves nos países da América Latina e do Caribe e mais de 80 mil morrem por conta de maus-tratos domésticos. A crise causada pela pandemia do coronavírus e suas condições de confinamento aumentam a vulnerabilidade, a violência e o desconforto psicossocial na infância, adolescência e juventude.

As tensões enfrentadas pelas famílias em isolamento social e a falta de acesso a espaços e serviços de proteção aumentam a possibilidade de escalada da violência doméstica. Em relação ao abuso infantil, antes desse período, os dados já eram alarmantes, pois duas em cada três crianças com menos de 15 anos sofreram algum tipo de disciplina violenta em casa (psicológica e física) e um em cada dois foram submetidos a punição corporal em sua própria casa. A extrema violência na América Latina é tal que, todos os dias, 67 adolescentes, entre 10 e 19 anos são mortos, obtendo uma taxa de homicídio cinco vezes maior que a média mundial.

"Na Aldeias Infantis SOS Brasil, acreditamos que é importante apontar os altos níveis de violência contra crianças e adolescentes na América Latina. É fundamental destacar os riscos da falta de proteção a esses jovens, bem como promover o desenvolvimento de ações preventivas para tentar criar ambientes afetivos, seguros e protetores", diz Michéle Mansor, Gerente Nacional de Programas da organização que atua no país há 53 anos.

"Nesse sentido, estamos convencidos de que todas as pessoas, pais, mães, responsáveis, sociedade civil e governos devem trabalhar juntos para redobrar seus esforços durante esse período de isolamento social, a fim de acompanhar essas crianças e promover um lar seguro, onde o amor e a proteção sejam oferecidos a elas", comenta Michéle.

A situação de crianças e adolescentes na região é mais do que alarmante, e a violência contra meninas adolescentes é uma das violações dos direitos humanos mais praticadas e também a mais naturalizada, persistente e devastadora. Mais de um milhão de meninas entre 15 e 19 anos sofreram violência sexual; uma em cada quatro se casou antes dos 18 anos e quatro em cada dez foram vítimas de agressão por parte do parceiro. A agressividade tem múltiplas consequências para o seu desenvolvimento, pois existe o risco de que atos violentos muito graves sejam naturalizados desde a tenra idade, o que pode gerar consequências irreversíveis, como o feminicídio.

O atual cenário de confinamento pelo qual o mundo está passando, como resultado da pandemia do COVID-19, é uma circunstância agravante adicional, pois as vítimas passam mais tempo em casa, próximas ao possível agressor. Elas se encontram mais expostas a situações violentas e por mais tempo. Diante de uma condição que muitas vezes é de dependência econômica, em um contexto que as impede de denunciar. Neste momento, muitas delas estão enfrentando realidades de abuso em suas próprias casas, das quais não podem sair, devido às restrições da circunstância atual. O abuso infantil é uma das maiores violações dos direitos humanos que existem hoje, paradoxalmente cometidas muitas vezes por aqueles que deveriam ser responsáveis ​​pelo seu bem-estar.

"Pensando nesse contexto, criamos o Fundo de Emergência Humanitária, que irá nos ajudar a manter nossos projetos de atendimento familiar e proteção infantil, para evitar que crianças e adolescentes tenham seus direitos violados e sejam separados de suas famílias devido à violência. O Fundo vai trazer recurso para ampliarmos ainda mais o nosso atendimento e prestar suporte a outras centenas de famílias em vulnerabilidade social através de doações de cestas básicas", ressalta Michéle Mansor. A Aldeias Infantis SOS Brasil lançou a campanha #SOSPrecisamosContinuar para fortalecer as doações e poder continuar na luta pela proteção das pessoas atendidas em seus projetos.

De acordo com a Política de Proteção de Emergências da Aldeias Infantis SOS Internacional, todas as crianças e jovens têm o direito de se desenvolver em um ambiente afetivo, seguro e protetor. "Hoje, queremos falar com mães, pais, tias, tios, cuidadores, responsáveis ​​e qualquer pessoa encarregada de meninas, meninos, adolescentes e jovens, para que tomem consciência das violações existentes e que juntos possamos promover um lar sem maus-tratos", finaliza Michéle.

Para ajudar a campanha #SOSPrecisamosContinuar, faça sua doação através do link:
http://doe.aldeiasinfantis.org.br/sos_precisamos_continuar

Sobre a Aldeias Infantis SOS Brasil
Como organização humanitária global, líder em cuidado infantil direto, a Aldeias Infantis SOS Brasil (SOS Children’s Villages International) atua no país há 53 anos, onde cuida de crianças, fortalece famílias, dá resposta a situações de emergência e advoga pelo direito de viver em família e comunidade. Presente em 31 localidades de Norte ao Sul do país, a Organização oferece atividades diárias que geram impactos positivos para mais de 11 mil pessoas, por meio de projetos de educação, esporte, lazer, geração de renda e empregabilidade, com foco na quebra dos ciclos de pobreza, violência e exclusão.

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