Câmara de Ribeirão Preto afasta secretário de Saúde e antecipa campanha eleitoral
A cerca de 80 dias da eleição municipal, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara Municipal de Ribeirão Preto concluiu que há indícios de que o secretário municipal de Saúde, o médico Sandro Scarpelini, cometeu improbidade administrativa. A CPI recomendou em relatório na quarta-feira, 26, que o prefeito afaste o secretário. A medida foi vista pela administração municipal como uma forma de atingir um dos principais secretários do prefeito Duarte Nogueira (PSDB) às vésperas do período eleitoral.A comissão investigou, por quatro meses, um contrato de R$ 1,1 milhão para alugar ambulâncias durante a pandemia. Como o mínimo previsto pelo contrato foi usado - apenas duas ambulâncias - o custo caiu para R$ 523 mil. O relatório conduzido pelo vereador Renato Zucoloto (PP), da base do prefeito, aponta que Scarpelini e a servidora da Secretaria Jane Aparecida Cristina agiram para fraudar o procedimento, ao dispensarem licitação, e beneficiaram a empresa SOS Médicos Emergências.Para a comissão, cabia aos servidores manter sigilo das informações a que tinham acesso em função do cargo. E, ao repassarem à empresa, teriam cometido crime penal e improbidade administrativa. Em maio, após a abertura da CPI, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na secretaria de Saúde e o Ministério Público do Estado passou a investigar o caso.
Sem acesso a esses materiais, a comissão ouviu servidores públicos e empresários citados. Circularam na internet vídeos do vereador da oposição Orlando Pesoti (PDT), que presidiu a CPI, mostrando ambulâncias paradas em um pátio municipal e outro, do secretário de Saúde, rebatendo que as ambulâncias paradas eram antigas e para descarte.
Após a divulgação do relatório, que ainda deve ser lido no plenário da Câmara na sessão desta quinta-feira, 27, a prefeitura emitiu nota relacionando a conclusão da CPI a "um momento eleitoral". Respondeu que a comissão não levou em conta que, em função da pandemia, "decisões rápidas e enérgicas devem ser tomadas para salvarvidas" e defendeu a lisura da conduta da secretaria de Saúde. Procurado, o secretário não vai se manifestar sobre o caso.
O presidente da CPI alegou que a comissão realizou um trabalho sério, de transparência e de responsabilidade sobre gastos com dinheiro público, e lamentou que a prefeitura tenha tratado como momento eleitoral. "As providências deveriam ter sido tomadas pela prefeitura, que nada fez sobre o caso", afirmou Pesoti.
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